Crespo avalia situação no ano: ‘Nossa realidade é essa’

O técnico Hernán Crespo lamentou a eliminação do São Paulo na Conmebol Libertadores após a derrota por 1 a 0 para a LDU, no Morumbis, nesta quinta-feira. O comandante são paulino disse que o time não foi mal no jogo, mas não soube converter as oportunidades que teve em gol.

– Pode se falar, mas aquilo que pensamos, se Rigoni não chuta na trave, se Luciano faz o gol, enfim produzimos muito, mas não convertemos em gol.

– Não concretizamos aquilo que criamos. Com todas as dificuldades que o grupo tem no dia a dia. Umas vezes alcança, outras vezes não. Como falei antes. Nesta situação, normalmente o futebol coloca no tempo as coisas como devem ser. Neste caso, futebol não é matemática e às vezes dois mais dois é igual a sete. Não deu quatro. Se dá quatro, a gente passava – arrematou o técnico.

O treinador destacou que a realidade do São Paulo é complicada e desde sua chegada ele estava ciente disso.

– Você já sabe as dificuldades. Tem uma dinâmica por trás de toda venda e de toda compra. A situação é essa. Eu sei e se sei, mas também sei perfeitamente a situação em que o São Paulo está. Tentamos fazer o melhor possível, como estamos fazendo até hoje. Às vezes alcança, às vezes não. Às vezes você pega um time quase na zona de rebaixamento… Hoje está em sétimo. Deu certo no Brasileirão? Deu. Nas oitavas? Deu. Deu o máximo. Mas nossa realidade é essa. Hoje, tudo aquilo que eu possa falar para você parece uma desculpa. Mas não é. É a realidade.

Sobre a opção tática por Rigoni na ala direita, o treinador explicou que queria um volume ofensivo mais alto, destacando que o argentino já executou essa função outras vezes.

– Não é a primeira vez que joga ali, até comigo ele já jogou ali, contra o 9 de julho na Copa do Brasil. Com Rigoni, Ferreira e Luciano e as rupturas de Rodriguinho e Bobadilla, poderíamos produzir bem, a gente produziu, mas não converteu. A gente não jogou mal, o time jogou bem, poderia jogar melhor, sempre pode, mas estrategicamente o que criamos não foi concretizado em gol – explicou o treinador.

Crespo destacou que a melhor forma de superar a tristeza da eliminação para seguir no Campeonato Brasileiro em busca dos objetivos é seguir trabalhando

– O único jeito de sair dessa situação difícil, de muita dor, é trabalhar. E acreditar, continuar. Acho que no futebol muitas vezes você pega aquilo que fez, mas muitas vezes dois mais dois é sete. E neste turno, com a LDU, dois mais dois foi sete. Não merecemos perder lá e perdemos. Chegou aqui, no primeiro tempo criamos muito, talvez pudesse ter vantagem, mas eles chegaram e fizeram um gol.

Sobre a atuação individual de alguns jogadores, o treinador destacou a relação de amor e ódio da torcida com Luciano, situações de Lucas e Oscar, o treinador explicou que não pôde contar com o melhor daqueles que recém voltaram de lesão.

– A coisa mais difícil de conviver com essas situações. Mas ele tem ocasiões para fazer. O problema quando vc não faz é quando não tem chances. Ele teve. Mas no momento não fez. Antes, no início destes 3 meses, ele tocava na bola e dava assistência e fazia gol. Tem momento que não. Mas as qualidades do Luciano não tem discussão.

– O Oscar não treinou. Não sei quem comunica vocês. Desde quando teve essa lesão. O Oscar não tem possibilidade até hoje de jogar. Vamos ver. Eu espero que talvez seja um milagre antes da Data Fifa. Se não, depois. Não treinou quase nunca enquanto estamos aqui – expôs o treinador.

– Tenho que agradecer a Luiz Gustavo, a Lucas Moura, a Oscar, o esforço que estão fazendo para voltar. Esforço grande. Com o Luiz Gustavo ok, poderia. Já tínhamos um acordo com o Lucas, que também não está 100%. E se esforçou tanto para chegar… A situação é esta aqui. Temos que ficar seremos, não é fácil. Noite de muita dor, porque, ao final do dia, o grupo deixou tudo dentro do campo – concluiu Crespo.

Veja todas as respostas do treinador do São Paulo:

Qual foi a ideia de jogo com a escalação inicial?

– A ideia era que o jogo da LDU já estava 2 a 0. Tínhamos de arriscar, fazer algo diferente. Eu acho que colocando cinco na frente, dando amplitude, com as características que temos… Mailton cruza. E quem poderia fazer gol de cabeça? Dinenno. Então, tinha que colocar os dois. São muitas coisas que acontecem. Achei, talvez de maneira errada, que a gente, com esse esquema, essa estratégia, criamos três chances claras de gol no primeiro tempo, com Rigoni, Luciano e Bobadilla. Estava ali o jogo. Depois, não concretiza, aí um erro acontece. Faz parte. Muda totalmente. Já colocamos Maílton, Dinenno. Um esforço da parte de Lucas. Tentamos. Tentamos de colocar toda a artilharia que temos à disposição, menos Lucas, que não estava 100%. Depois, o resto, que estavam no banco, tem um problema ou outro. Isso é uma desculpa? Não. É assim. É um fato. É um fato que você tem que respirar, buscar soluções. Evidentemente as soluções que buscamos não deu certo. Mas o jogo era esse aí.

Qual a avaliação do seu trabalho?

– Avaliação minha? Ao final da temporada. Antes, nunca. Você já fez isso antes na sua vida? não. Ao final. O que aconteceu? No meio, talvez a diretoria. A gente fala no final. Para o objetivo que chegamos, muito mais que positivo. Quando chegamos aqui, se falava só do rebaixamento. A gente só falava de rebaixamento. Que a Copa do Brasil não interessava. E você sabe como saímos da Copa do Brasil. Sabe como saímos da Libertadores. Sabe de todas as situações. Qual era a situação real quando chegamos? Hipotética era 15 com um ponto (da zona). Hoje, estamos falando que talvez possamos ter uma nova oportunidade da Copa Libertadores. Temos de acreditar, estar juntos, para criar uma nova oportunidade. Qual é a avaliação para você? Com todas essas coisas. Temos dor? Muita dor. Estamos mal? Muito mal. Mas segunda temos de colocar a cara outra vez. É o momento de estar junto o grupo todo, como uma família, e sair de uma eliminação de muita dor. Sair de uma situação de muita dor tem que estar perto de gente que tem afeto. E esse grupo é uma família. Acho que o grupo vai sair e tentar rapidamente superar essa dor. Mas não vai ser fácil.

Por que Bobadilla foi o escolhido para deixar o time no intervalo?

– Achávamos que colocando Pablo Maia com Rodriguinho poderíamos arriscar, fazer uma coisa diferente. Precisávamos de três gols em 45 minutos. Nunca vou fazer algo assim (tirar por um erro). Todos podem fazer as coisas bem ou mal, mas todo tentamos fazer as coisas o melhor possível. Tenho zero problemas. Continuo acreditando na qualidade do Bobadilla e de todos que saíram para tentar fazer algo para reverter a situação.

Avaliação geral do jogo

– Não estou aqui para falar mentiras. Eu acreditava. Criamos muitas chances. Jogamos mal? A gente merecia sair? Não merecia. Você realmente pensa que merecíamos perder aqui? Não estou falando que jogamos muito bem. podemos jogar melhor? Sim, muito melhor. Mas aquilo que vimos é que podeiramos vencer. Teve bola na trave, Luciano teve chances. Depois, o que acontece com outras pessoas, os torcedores, diretoria, eu não posso controlar. Cada um tem a reação que acredita.

Como manter o ânimo do elenco para o restante da temporada? E o que esperar fisicamente do time?

– É muito difícil manejar o sentimento. A dor é grande. Não está falando de técnicas, estratégias, jogar com dois, três. É difícil? Muito difícil. Neste momento temos de estar fechados, tentar de ajudar um com o outro… e tentar construir novas possibilidades para a próxima temporada, que, como falei, se falasse isso três meses atrás diriam que estávamos louco.

– Eu treino o time. Vai jogar o melhor possível. Criar ocasiões, fazer gols. O resto, o tema saúde, eu não sei.

Fonte: GE