As raízes do SPFC remontam basicamente em quatro clubes que fazem parte da pedra fundamental do Tricolor: Estudantes, Atlética das Palmeiras, São Paulo da Floresta e, o mais importante de todos, o legendário Paulistano.
Vamos conhecer um pouco mais sobre cada um deles:
Clube Atlético Paulistano É o mais antigo e mais importante dos quatro, foi fundado em dezembro de 1900 e é o único que ainda tem alguma atividade, mesmo que restrita aos esportes amadores. O Paulistano participou de 28 campeonatos, tendo sido campeão paulista 11 vezes entre 1905 e 1929. Na verdade, o Paulistano chegou a ser tetracampeão nos anos de 16/17/18/19, coisa que nem o querido São Paulo conseguiu até hoje. O departamento de futebol do Paulistano foi fechado em 1929 com 11 títulos no currículo e a histórica participação de Friedenreich, que foi artilheiro do clube em nada menos do que seis campeonatos.
Associação Atlética das Palmeiras Fundado em novembro de 1902, foi campeão paulista três vezes (1909, 10 e 15) e participou de 21 campeonatos até sua extinção, em 1929. Apesar da coincidência do nome, o clube não tinha nada a ver com o Palmeiras atual e tinha seu campo localizado na av. Angélica, bairro nobre paulistano que, na época, só tinha chácaras e terrenos vazios. Quando foi pela primeira vez para a primeira divisão, o clube se instalou na chácara da Floresta, onde se localizava o extinto Clube de Regatas São Paulo (hoje Clube de Regatas Tietê). Com a profissionalização do esporte no final dos anos 20, a A. A. das Palmeiras fechou suas portas e alguns de seus jogadores se tornaram fundadores do São Paulo da Floresta.
São Paulo da Floresta & Estudantes de São Paulo Fundado no início de 1930, o São Paulo da Floresta participou de cinco campeonatos paulistas e chegou a ser campeão uma vez, em 1931. O clube nasceu das cinzas e com as cores do A. A. das Palmeiras (preto e branco) e do Paulistano (vermelho). Em 1934, empolgado com seu crescimento, o clube adquiriu um sede luxuosa, o Trocadero, mas não conseguiu pagá-lo e acabou falindo. Em meados da década de 30, o clube foi comprado pelo Clube de Regatas Tietê e chegou a disputar o campeonato de 1935 sob o nome Tietê-São Paulo. Desapareceu logo em seguida para dar lugar ao São Paulo Futebol Clube. Com a falência do São Paulo da Floresta, alguns dos antigos jogadores do clube fundaram o Estudantes, em 1935. Não ganhou nenhum título, mas participou dos campeonatos de 35, 36 e 37, sendo que neste último chegou a ir para a final, na qual perdeu para o Corinthians. Em 1940, o clube foi extinto ao fundir-se ao São Paulo Futebol Clube.
A HISTÓRIA DO TRICOLOR
Tudo começou em 1930, quando o maior papa-títulos da época, o Clube Atlético Paulistano, decidiu fechar seu departamento de futebol, pois sua diretoria era contra a profissionalização do esporte, que na época era 100% amador. Na mesma época, a Associação Atlética das Palmeiras (nada a ver com as porquinhas contemporâneas) sofria com a falta de dinheiro, apesar de ter um bom campo na Chácara da Floresta, na região do Rio Tietê. Os dois resolveram se unir e assim nasceu o São Paulo da Floresta, com as cores vermelho (do Paulistano) e preto (do A. A. das Plameiras), sob fundo branco.
O primeiro jogo foi contra o Ypiranga e o São Paulo da Floresta venceu por 3×1, em março de 1930. O primeiro gol do Tricolor foi marcado por Formiga. No ano seguinte, completando seu primeiro aniversário de vida, o São Paulo da Floresta se tornou campeão paulista pela primeira vez.
No entanto, em 34, empolgada com o sucesso do time, a diretoria deu um passo maior do que a perna e comprou uma sede luxuosíssima, chama Trocadero. As dívidas provenientes dessa compra levaram o clube à falência e geraram mais uma fusão, desta feita, com o Clube de Regatas Tietê. Os sócios, inconformados, fundam o Grêmio Tricolor, numa tentativa desesperada de preservar o São Paulo. No ano seguinte, foi criado o Clube Atlético São Paulo.
No dia 16 de dezembro de 1935, depois de uma reunião de quatro horas com 235 dos principais associados, liderados pelo abnegado Porphírio da Paz (autor do hino oficial do clube), foi oficialmente criado o São Paulo Futebol Clube, cujo primeiro jogo aconteceu menos de um mês depois, no dia 25 de janeiro de 1936, contra a Portuguesa Santista (vitória tricolor por 3×2).
No ano seguinte, mais uma fusão, desta vez, com o Estudante Pauliste, clube paulistano que era inspirado no argentino Estudiantes de La Plata. O São Paulo herdou, então, um time já formado e bom de bola, treinado pelo hoje lendário Vicente Ítalo Feola.
Em 1940, um fato político colocou o clube nos holofotes das grandes agremiações brasileiras. Durante a inauguração do estádio do Pacaembu, estava presente o presidente Getúlio Vargas, que não gozava de grande popularidade entre os paulistas depois da Revolução de 30 e da Revolta Constitucionalista de 32. A cerimônia de inauguração começou com os desfiles das delegações dos times, encabeçados por C… (hoje conhecido como Galinhada) e Palestra (hoje P…, aquele time que adora a segunda divisão), devidamente saudados por suas torcidas. Quando surgiu a delegação do São Paulo, a menor de todas, o estádio explodiu ovacionando o clube que tinha as cores da bandeira paulista. Era uma alfinetada estrondosa e espontânea do povo paulista contra Getúlio que acabou criando para o clube a pecha de “O Mais Querido”. São Paulo, o santo padroeiro da capital paulista, sorria feliz ao ver o clube que levava seu nome conquistar a massa paulistana.
Durante a Segunda Guerra Mundial, o São Paulo comprou o estádio do Canindé e, em 42, faz sua maior contratação até então: Leônidas da Silva, artilheiro do Mundial da França, o Diamante Negro. Recebido na estação de trem do Brás por 10 mil pessoas, sua estréia, em maio daquele ano, trouxe um público recorde ao Pacaembu que jamais foi igualado depois: 70.281 pessoas. O jogo foi contra o C… e terminou empatado em 3×3.
O homem que inventou a bicicleta levou o Tricolor a ser campeão em 1943, chegando depois a dois bi-campeonatos: 45/46 e 48/49. Em 51, Leônidas se tornou treinador da equipe pelas mãos do dirigente Paulo Machado de Carvalho, mas não conseguiu se sair bem na nova função.
Depois dos anos de seca por causa da construção do Morumbi, era hora de começar a investir em um time forte de novo e, de cara, vieram Toninho Guerreiro, Gérson e o uruguaio Pablo Forlan. Não deu outra: naquele mesmo ano o São Paulo voltou à rotina de ganhar títulos e foi campeão paulista de 1970, repetindo a dose em 71, desta feita, com o reforço de outro uruguaio, Pedro Rocha.
1971 também foi o ano em que foi disputado o primeiro Campeonato Brasileiro. E, logo de cara, o Tricolor foi vice-campeão, classificando-se, pela primeira vez, para disputar a Taça Libertadores da América. Em 73, novamente o São Paulo chegou muito perto, mas não conseguiu seu primeiro título nacional. Em 74, o Tricolor chegou à final da Libertadores contra o argentino Independiente, mas perdeu no jogo extra de desempate, acontecido no Chile.
Enquanto a esfera nacional e internacional o Tricolor já começava a mostrar suas garras, na estadual continuava a rotina de vitórias sendo campeão paulista de 75 com o mago Valdir Perez. Em 77, finalmente o primeiro título brasileiro. O São Paulo ganhou do Atlético (MG) em pleno Mineirão lotado com mais de 100 mil pessoas. Mais uma vez, brilhou a estrela de Valdir Perez, que pegou pênaltis decisivos. No ano seguinte, embalado pela conquista anterior, foi à final do paulistão contra o Santos, mas perdeu.
Em 81, mais uma vez o SPFC chegou às finais do Brasileirão após eliminar o Botafogo carioca em uma virada histórica, no Morumbi, diante de 98 mil torcedores. Na final, porém, o Grêmio gaúcho levou a melhor e sagrou-se campeão brasileiro daquele ano. A compensação veio no Paulistão daquele ano, ganho em cima da Ponte Preta.
Em 84, o técnico Cilinho implantou uma nova política no clube: investir em jovens valores. A idéia criou uma geração de jogadores chamados de Menudos do Morumbi que, em 85, levariam o São Paulo a ser campeão paulista em cima da Lusa.
No ano seguinte, a Seleção tirou metade do time para jogar a Copa do Mundo, deixando o Tricolor órfão no Paulistão e com poucas chances de chegar ao bi. Foi exatamente nessa época que começou a nascer um sentimento anti-Seleção entre os rockeiros são-paulinos que perdura até hoje. Com a volta da molecada da Seleção, não deu outra: o SPFC foi campeão brasileiro de 86 numa final eletrizante contra o Guarani.
Em 89, o time foi campeão mais uma vez e, dessa vez, sem grande esforço, ganhando do pequeno São José. No mesmo ano, o SPFC chegou à final do Brasileirão, mas perdeu para o Vasco, num jogo em que o goleiro Acácio fez milagres e evitou a vitória tricolor. O São Paulo terminou aquela década como o time paulista que mais conquistou glórias, mas, em seguida, passou por um período difícil que abriu as portas para o início da Era Telê (confira entrevista do Mestre Telê para o jornalzinho da Dragões, feita em 1993, antes da decisão do título mundial no Japão).