Muricy defende Ceni e diz que já foi campeão com time problemático
Lendário técnico do São Paulo e atual coordenador de futebol do clube, Muricy Ramalho falou sobre a crise vivida no Morumbi e defendeu o trabalho de Rogério Ceni, atual treinador do time e seu ex-jogador. Segundo Muricy, o trabalho de Ceni é bom.
“O Rogério trabalha muito, o momento não é bom e quando a bola não entra as coisas se acentuam. O dia a dia do futebol tem muita divergência, muita discussão, muito nervosismo quando as pessoas querem ganhar e as coisas não funcionam. Eu já fui campeão em elencos cheios de problemas, mas no campo as coisas funcionavam. O São Paulo vive um momento ruim, mas não é uma crise como pintam. O ambiente é normal de um clube de futebol, com altos e baixos, alguns que são amigos e outros não. Mas todos querem vencer e a gente trabalha para deixar tudo mais harmonioso possível”, disse Muricy.
Na semana passada, explodiu uma crise entre Ceni e o elenco tricolor após o técnico cobrar, de maneira exagerada segundo relatos, o atacante Marcos Paulo, que curtiu posts nas redes sociais criticando o trabalho do treinador e a falta de oportunidades na equipe.
“Eu conheço o Rogério há muito tempo. Convivemos por anos enquanto ele era jogador e eu técnico, depois foi cada um para um lado e nos reencontramos. Sei como ele é, conheço a personalidade. Sei que é muito trabalhador e competente. Ele quer muito vencer, se cobra ao máximo. Falei com ele por 40 minutos depois da derrota na final da Sul-Americana. Só eu e ele. Falei que dói, mas que passa, que serve de aprendizado. Ele sabe que pode contar comigo, mas aqui eu sou um coordenador, não sou um ex-técnico. Não quero atrapalhar, dar pitaco. Uma opinião minha pode gerar problemas. Então tenho muito cuidado na hora de falar e agir para eu ser um auxílio, não um problema”, afirmou Muricy.
O técnico ainda rebateu as críticas de parte dos torcedores que dizem que ele não aparece muito.
“Queria eu não fazer nada… Se eu quisesse fazer nada, poderia me aposentar e ficar na praia em Riviera. Ter uma rotina mais tranquila como comentarista no SporTV entrando ao vivo da minha varanda. Recebi muitos convites, o Tite foi até a minha casa me chamar para trabalhar com eles na Copa do Mundo, tive outras propostas, mas fiquei no São Paulo porque o São Paulo é a minha vida, é a minha paixão. Por causa da saúde não sou mais técnico, mas ainda tenho essa paixão e sei que posso ajudar, sei que sou importante. Eu trabalho muito, só que eu não apareço, né? Aí pode parecer que não sou importante”.
“É o meu jeito, eu não gosto de falar. Não falo quando está ruim e muito menos quando está bom. Quando eu era treinador, aparecia, era a minha hora de falar. De cobrar, de ser cobrado, de receber os frutos e também as críticas. Hoje é diferente. Estou nos bastidores, numa nova função, e não tenho que aparecer, apresentar jogador, dar entrevista toda hora. É o meu jeito, é como acho que tem que ser, e talvez isso dê uma impressão errada. Eu digo que trabalho mais do que trabalhava como técnico, minha família sabe disso. Um trabalho que às vezes não é visto, ir lá na psicologia, na base, no departamento médico, conversar no reservado… Eu não paro. Só descanso um pouco quando o time viaja e olhe lá, porque vou para o treino dos não relacionados, assisto, fico atento. É uma rotina cheia e um trabalho difícil”, finalizou.
Fonte: ESPN