São Paulo vê a conta do desmanche chegar e passa mais um vexame

Numa temporada de remontagem constante causada por trocas no elenco desde janeiro, vendas de jovens promessas por preços abaixo da tabela, lesões diversas e contratações de investimento limitado, o Tricolor sucumbiu nas quartas da Conmebol Libertadores com duas derrotas para a LDU.

Num Morumbis pulsante na noite desta quinta-feira, o Tricolor até mostrou ter forças no início do jogo, quando ficou com a bola e desperdiçou chances claras com Rigoni e Luciano, mas num contra-ataque a LDU se aproveitou de nova falha individual, desta vez de Bobadilla, para garantir a vitória por 1 a 0 que a levou à semifinal.

A realidade é que, de forma consciente, o torcedor são-paulino sabe que seu time foi até longe demais.

Num ano em que está financeiramente mal, com muita gente no departamento médico, sempre remendado, tentando sobreviver às dívidas e vendendo suas promessas em liquidação, ser um dos quatro times mais fortes do continente seria até incompatível com a realidade. Mas, como é futebol, não custava sonhar…

Até porque a LDU, em 180 minutos do confronto, nunca se mostrou um timaço. Uma equipe organizada, sim, pelo técnico Tiago Nunes. E eficiente para aproveitar as poucas chances que teve, como fez nos 2 a 0 de Quito e repetiu no 1 a 0 do Morumbis. Ao contrário do São Paulo…

Pois, ao invés de se organizar e ser eficiente nas oportunidades, o São Paulo se desesperou. Jogou desorganizado, com pressa, acelerando movimentos e falhando quando a bola apareceu doce para ser finalizada. Luciano, como no jogo de ida, falhou em todas as suas tentativas de gol. Marcou só uma vez, em lance de completo impedimento. Pablo Maia, depois, fez em lance anulado por falta no goleiro.

A respeito da escalação, Hernán Crespo errou ao apostar em Rigoni como ala pela direita em vez de apenas colocar Maílton, que havia entrado bem no jogo de ida. O técnico, porém, não merece ser queimado pelas chamas do ódio tricolor. Afinal, Crespo teve seu trabalho minado e sabotado por lesões semana após semana desde que assumiu a equipe, obtendo vitórias importantes. Na véspera do jogo, perdeu Ferraresi e Marcos Antônio. Não teve Oscar. E contou com Lucas longe dos 100%.

A sensação do torcedor do São Paulo é de que, não fossem as falhas individuais, dava pra passar.

No futebol, porém, falhas em campo muitas vezes são reflexos de coisas muito mais complexas. De um grupo menos qualificado do que poderia ser, de desequilíbrios financeiros, erros de decisão da diretoria, desfalques inexplicáveis por lesões que se repetem, contratações questionáveis e cansaço mental causado por falta de confiança… O São Paulo, hoje, não tem pinta de campeão.

Depois de perder para o Santos na Vila Belmiro, Crespo disse que tinha convicção de que o São Paulo avançaria de fase. Mais do que fazer uma promessa, Crespo quis ser positivo e animar elenco e torcida de que era possível. Afinal, no campo, tudo pode acontecer numa noite de eliminatória de Libertadores.

Teria sigo épico, histórico e mágico para o torcedor. Mas, se olharmos a temporada de 2025 do São Paulo com frieza e rigor, a eliminação não abala nem surpreende. Ela dá um choque de realidade.

Fonte: GE