Além da piscina sem água: os bastidores do desabafo de Ceni

Rogério Ceni voltou a falar forte. Foi após a sofrida vitória (a primeira da temporada em quatro jogos) do São Paulo por 1 a 0 sobre o Santo André, na quarta-feira (9). Entre outras coisas, o técnico citou especificamente a “piscina que estava sem água” quando chegou, jogador em recuperação indo embora às 13h45 e que ele talvez incomode, com suas cobranças, o departamento médico.

Ficou claro que o comandante estava, outra vez, criticando a estrutura que o clube oferece, tanto que o presidente da agremiação, Julio Casares, foi às redes sociais e fez uma espécie de comunicado. Torcedores tricolores, contudo, chegaram a especular que as cobranças poderiam ser também aos atletas em recuperação – hoje, estão em tratamento Luan, Luciano e Patrick. Mas não é nada disso.

Conforme apurou a ESPN, com o repórter Eduardo Affonso, a questão é outra. O treinador está incomodado com a estrutura do clube, mas não só pela falta de equipamentos de ponta ou coisas do tipo, como já relatado no passado, ainda antes de sua volta ao Morumbi. E, sim, com uma economia feita pela antiga gestão, do então presidente Carlos Augusto de Barros e Silva, o Leco, e mantida até aqui pela atual que tem atrapalhado o dia a dia da agremiação.

Ceni gostaria de ter profissionais disponíveis por mais tempo para que os atletas lesionados conseguissem se recuperar de forma mais rápida. Isto é, que jogadores com qualquer tipo de problema tivessem a oportunidade de trabalhar no tratamento em mais de um período do dia, sendo em dois ou até três.

Quando atuava, por exemplo, o ex-goleiro chegou por muitas e muitas vezes a se tratar em até três períodos, algo que hoje não é possível. E por quê?

Porque, como apurou a ESPN, por uma questão econômica, dirigentes promoveram mudanças nos departamentos, diminuindo as horas extras e os gastos que tinham com funcionários.

Sem falar em profissionais que deixaram o clube neste processo, sendo o caso mais emblemático o de Ricardo Sasaki, que foi desligado entre o fim de 2021 e o começo de 2022, atuava como fisioterapeuta e era uma das peças mais importantes do Reffis, o Núcleo de Reabilitação Esportiva, Fisioterápica e Fisiológica, o qual o mesmo ajudou a criar anos e anos atrás – ninguém com a sua expertise e experiência chegou para a vaga.

Em meio a tantos casos de lesões que o clube viveu nos últimos dois anos (2020 e2021), há um caso marcante. Um jogador pediu de forma direta para fazer tratamento em mais de um período do dia para tentar abreviar seu retorno e ficar à disposição, mas teve seu desejo negado. Justamente pela falta de profissionais para acompanhamento e orientação dos procedimentos a serem executados.

Fonte: ESPN