Casares diz que clube está trabalhando pra esvaziar Departamento Médico

Lesões, lesões…e mais lesões. A vida do torcedor do São Paulo nas últimas três temporadas tem sido se preocupar com jogadores machucados mais até do que com as potenciais ameaças dos adversários.

Em 2023, a situação tem sido talvez a mais crítica dos últimos tempos no Morumbi, com o time acumulando dezenas de ausências, entre casos cirúrgicos e musculares, a cada jogo, complicando cada vez mais a vida de Rogério Ceni, que chegou a ter até 14 desfalques em um único jogo do Campeonato Paulista.

Time que mais sofre com lesões na elite do país, o São Paulo certamente não tinha essa expectativa, ainda mais sob a gestão de Júlio Casares.

Ainda em 2021, com já um alto número de lesões, Casares rebatizou o setor de Divisão de Excelência Médica (DEM), adicionando o “Plus” ao nome do antigo Reffis, além de ter trazido aparelhos mais modernos para o departamento.

No começo do século, o Reffis era visto como algo de última geração, onde o São Paulo muitas vezes usou o centro de recuperação de lesões para atrair reforços para si mesmo, como foram os casos de Luizão, Adriano Imperador, Ricardo Oliveira, entre outros.

Atualmente, a recuperação de atletas lesionados tem sido o grande problema do clube, com muitos não saindo do Reffis ou então saindo de lá direto para a mesa de cirurgia.

Para as quartas de final do Campeonato Paulista contra o Água Santa, na próxima segunda-feira, no Allianz Parque, podem ser cerca de 10 desfalques para Rogério Ceni: Rafinha, Igor Vinícius, Moreira, Arboleda, Ferraresi, André Anderson, Talles Costa, Calleri, Erison, Pedrinho, Beraldo e Caio. Arboleda, Beraldo e Erison, porém, têm chances de ficar ao menos no banco de reservas.

Segundo levantamento feito pelo historiador Alexandre Giesbrecht, do “Anotações Tricolores”, a última vez que o tricolor, teve o DM completamente vazio foi em abril de 2022. E a lista de lesionados não deve chegar ao fim tão cedo, já que existem casos de cirurgia como os de Moreira, Talles Costa e possivelmente Igor Vinícius, que não têm previsão de retorno.

“Nós temos profisionais sérios. Até o Rogério Ceni outro dia citou as amplas reformas. Então nós mexemos na estrutura, melhoramos muito. Hoje o Alexandre Pato está treinando aqui e elogiou muito a estrutura. O que acontece que a gente tem que observar é a estruturação de uma tabela, um calendário. Nós jogamos com um campo muito molhado, estamos em uma pré-temporada. E existem muitas lesões de trauma. Nós temos que entender que o departamento médico é consequência. O jogador se contunde no jogo ou no treino. E o DM recebe o atleta. O atleta é um paciente. E cada paciente reage de uma forma. Nós também temos a visão de quando a gente propõe uma intervenção cirúrgica, você também tem que respeitar o lado clínico da postura do paciente. Tudo isso o São Paulo faz com muito profissionalismo. Outro dia eu conversando com o Moisés Cohen, médico da Federação. E ele disse que comunicou o aumento de contusões nesse Campeonato Paulista.”

“Pode ser início de temporada, pode ser por causa dos campos muito encharcados. O São Paulo está tranquilo. O seu departamento de excelência médica está avaliando tudo”, disse Julio Casares, presidente do São Paulo, em entrevista à ESPN.

“Primeiro você tem a questão técnica de imagens, ressonância. Depois você tem uma avaliação. Se o atleta tem uma recomendação de cirurgia, mas há uma chance que no convencional ele possa não operar, vamos tentar. A operação é sempre invasiva. Claro, com responsabilidade, com a anuência do atleta. O São Paulo ele não sai operando. A não ser quando seja uma contusão ligamentar, que não tem o que fazer. Mas uma contusão ou outra que possa merecer uma tentativa convencional, vale a pena pela carreira do atleta, a recuperação dele. A decisão de uma cirurgia ou não é um entendimento entre a área médica, a preparação física, a fisiologia, fisioterapia e o próprio atleta. O Calleri, por exemplo, está tentando se recuperar sem a necessidade de uma cirurgia e nós esperamos que ele se recupere. Se lá na frente acontecer uma constatação que a cirurgia é o caminho, nós vamos conversar com ele. Mas ele está muito animado”.

O termo tem sido usado com frequência pelo departamento médico do clube em tempos recentes. E quando Calleri anunciou que tentaria o tratamento conservador para sua lesão no tornozelo, certamente a torcida começou a ficar preocupada por causa de exemplos que não deram certo ultimamente.

Diego Costa e Luan são alguns casos que fizeram o tratamento, não tiveram o resultado esperado e acabaram tendo que fazer cirurgia. Rafinha atualmente está neste processo por conta de uma lesão no tornozelo e não tem previsão de volta. Já Igor Vinícius sentiu uma pubalgia ainda no ano passado, fez o tratamento e agora tem cogitada cirurgia após lesionar a região novamente.

André Anderson chegou por empréstimo da Lazio no meio do ano passado e atuou somente 12 vezes pelo clube, a última delas em novembro de 2022. O meia quase sempre figura entre os desfalques com dores musculares.

Revelação de Cotia, Walce voltou a jogar em 2023 emprestado ao Juventude após três anos afastado por conta de três cirurgias no joelho que não resolveram um problema de ligamento cruzado do atleta. No início do ano, o São Paulo optou por ceder o zagueiro para o time gaúcho justamente para ele retomar a carreira.

Com mais de uma dezena de lesionados, Rogério Ceni não tem tido vida fácil na tarefa de reconstruir o clube ao lado da atual diretoria. No jogo contra o Botafogo-SP no último domingo, o técnico teve que jogar com improvisações de centroavante (Galoppo), zagueiro (Pablo Maia) e lateral (Caio Paulista).

Mesmo com reforços mais alinhados com sua filosofia de jogo, Ceni não tem boa parte do grupo a seu dispôr para fazer os treinamentos e escalar o time que gostaria nas partidas.

“Infelizmente é um número grande de jogadores com lesões que não são musculares. Quando se tem 11 jogadores fora, pesa bastante para a gente. Devagarinho vamos fortalecendo o elenco. Não basta ter o jogador. Tem de ter, treinar e deixar nas melhores condições”, disse Ceni, após o fim da fase de grupos do Paulista.

“No geral, podemos render mais, mas para render temos que ter todos aptos a treinar. Teremos concorrência maior, qualidade maior”, analisou o treinador, após a vitória sobre o Santos no Morumbi.

Fonte: ESPN