Aqui é trabalho: Como é a vida de Carpini depois de um mês no SPFC

Thiago Carpini costuma não ter tempo nem para um filminho antes de dormir. Viciado em trabalhar, o técnico do São Paulo só deixa o futebol de lado quando sua esposa, Karen, avisa: “Para, não aguento mais, chega de futebol!”

Campeão da Supercopa do Brasil no domingo, ao vencer o Palmeiras nos pênaltis por 4 a 2, o treinador tricolor vive dias agitados.

Horas depois da conquista no Mineirão, acordou cedo para estudar o Água Santa, adversário do São Paulo nesta quarta, às 21h35 (de Brasília), no Morumbis, pela quinta rodada do Campeonato Paulista. À tarde e à noite, concedeu entrevistas para ainda comemorar o título sobre o rival, o primeiro de sua ainda recente carreira.

A rotina completamente tomada pelo futebol, agora ainda mais agitada no comando de um gigante, faz parte da vida de Carpini e Karen há anos. O técnico usa seu jogo de cintura, o mesmo para o trabalho no dia a dia, para aliviar sua barra dentro de casa.

– Eu mudei a rotina de casa. Ela (Karen) passou a gostar mais de futebol, acompanhar. Às vezes, deitamos na cama à noite e, em vez de assistir Netflix, a gente assiste futebol. Até chegar o momento em que ela fala: “Para, não aguento mais, chega de futebol” (risos). Mas ela é muito parceira, me incentiva muito. Ela sabe que é um período. Estamos vivendo um grande momento – disse Carpini, em entrevista ao ge.

Empolgado com a maior oportunidade de sua carreira, que teve ótimos trabalhos no Água Santa e no Juventude, Thiago Carpini é só sorrisos independentemente do cansaço pela desgastante rotina dos últimos dias. Clássico contra o Corinthians, final contra o Palmeiras, viagens, entrevistas…

Tudo isso, porém, ficou para trás. Ao chegar à Globo na última segunda-feira, Carpini respondeu, informalmente: “Agora é o Água Santa”. Uma amostra de que a conquista da véspera, diante do Palmeiras, tinha ficado para trás.

– Gosto muito do que eu faço. Isso é o mais importante. Sou apaixonado pelo futebol. Eu me encontrei nessa nova função quando parei de jogar e tem sido gratificante. À medida que os resultados vão aparecendo, as conquistas, isso vai fortalecendo, dando mais ânimo, mais disposição para conquistar, trabalhar mais. Isso tem sido muito gratificante. Você ser apaixonado pelo que você faz é o grande ponto – analisou.

Enquanto se divide entre a rotina em casa e a loucura do futebol no São Paulo, Carpini tem morado no CT da Barra Funda, onde também trabalha. O dia a dia do treinador é assim: ele acorda, toma café da manhã, comanda o treino para os jogadores (as atividades costumam ser pela manhã), almoça e continua trabalhando. À noite, assiste aos jogos que passam na televisão.

– O pessoal da análise, os auxiliares… A gente divide as funções. Alguns acompanham o que foi feito no último jogo, outros acompanham o próximo adversário. Eu e meus auxiliares colocamos a estratégia e o plano de jogo para cada partida e cada competição. Eu aproveito e quando acaba essa rotina diária começo a acompanhar a rodada, os jogos, adversários, outros estaduais – explicou.

Todo esse empenho mira ter o controle de tudo o que acontece no São Paulo. Carpini deixa claro que é perfeccionista – até mais do que gostaria. Mas acredita que esse é o caminho para que o Tricolor continue bem, como começou a temporada.

– Eu tenho algumas manias. Nada pode fugir do meu controle. Isso é algo que me incomoda, me tira do eixo. Eu perco até o sono. Quando, por exemplo, vamos fazer um treino e não flui como a gente planejou. Eu gostaria de voltar para o campo à tarde, repetir, fazer, mudar, e é uma coisa que eu preciso me controlar. Sou detalhista demais.

Empolgado no São Paulo aos 39 anos, Carpini foi o técnico mais jovem a conquistar um título pelo clube desde 1994, quando Muricy Ramalho havia levantado a Copa Conmebol. 

Fonte: GE