Régis: uma carreira promissora destruída pelo álcool e pelas drogas

Contratado em março de 2018 pelo São Paulo após se destacar no Campeonato Paulista pelo São Bento, Régis Ribeiro de Souza viu a mais importante chance de sua vida no futebol durar apenas 15 jogos e menos de sete meses.

Tudo começou três anos antes, em 2015, quando defendia o RB Brasil – time que na época tinha sede em Campinas antes da fusão com o Bragantino. Sem espaço no clube que disputava o Paulistão e a Série D do Brasileiro, Régis potencializou o contato com o álcool.

Aos poucos, o jogador se viu preso ao vício e passou a experimentar outras drogas, como a cocaína.

– Estava no Red Bull Bragantino recebendo meus vencimentos sem estar jogando. Eu me permiti viver como qualquer outra pessoa. Você tem curiosidade com as coisas e não está preparado para aquilo e vai tomando uma proporção muito grande, infelizmente. Confesso que não foi uma boa escolha, poderia ter tido uma carreira bem mais longa se tivesse me cuidado no extracampo – disse Régis, em entrevista ao GE.

Régis chegou ao auge da carreira ao mesmo tempo que foi perdendo tudo que vinha construindo como jogador de futebol por conta da dependência química.

A grande chance da carreira foi em 2018, ao ser contratado pelo São Paulo. O lateral havia se destacado pelo São Bento no Campeonato Paulista daquele ano e surgiu como opção para o time então comandado por Diego Aguirre.

A passagem pelo Tricolor foi curta: apenas 15 jogos, uma assistência e contrato rescindido menos de sete meses após ser contratado. O motivo? Os seguidos problemas extracampo causados pela dependência química.

– Comecei a beber demais e aproveitar muito fora de casa. Acabei aprofundando demais com as más companhias e não tinha muitas boas amizades nesse período. Confesso que não foi há muitos anos, foi com 25, 26 anos que tive a primeira experiência. Infelizmente tomou uma proporção grande por ser uma pessoa pública, jogar em times grandes e muitas vezes os clubes para se blindar jogavam para o jogador e diziam não ter nada a ver com isso.

– Tudo aconteceu depois que saí do São Paulo. Sempre foi uma projeção de carreira, sempre quis estar lá por tudo que tinha de referência. Fiquei um mês para entender onde estava, tinha feito um campeonato extraordinário e tive propostas de inúmeros clubes grandes, mas o São Paulo era a minha prioridade. Foi muito frustrante a forma como saí, não foi por deficiência técnica, mas por erros causados por mim mesmo. Isso me causou uma depressão, tinha perdido a maior chance da minha vida, então acho que não faz sentido me sacrificar tanto pelo futebol – declarou o lateral.

Os problemas que Régis menciona que começaram a aparecer após a saída do São Paulo foram as inúmeras polêmicas em que o jogador se envolveu. Foram quatro prisões desde então, a última delas em julho deste ano após tentativa de homicídio contra o próprio irmão.

Houve também problemas por embriaguez ao volante, posse de droga e resistência à prisão, além de uma tentativa de invasão ao apartamento de um vizinho e um motel.

– Não vou entrar em detalhes porque é algo que passou, mas aconteceram algumas situações. As pessoas potencializam e me olham como criminoso, um drogado e isso machuca muito. Não sou assim. Nasci para brilhar dentro dos campos, mas passou e deixo que as pessoas tirem suas próprias conclusões. Quanto mais você explica parece que tá querendo explicar o inexplicável – disse Régis.

Em 2019, o GE visitou a clínica onde Régis ficou internado no interior de São Paulo em uma das tentativas de tratar a dependência química. Na ocasião, o jogador admitiu os excessos e tinha como objetivo retomar a carreira no São Bento, voltar ao São Paulo e até ser convocado para a seleção brasileira.

Régis abandonou o tratamento poucos meses depois, desapareceu do São Bento e acabou deixando o clube. Desde então, passou por 12 times em menos de quatro anos e agora aguarda uma nova chance. Enquanto isso, joga por uma equipe amadora na várzea de Sorocaba.

Fonte: GE