Arboleda diz viver momento mais feliz no São Paulo: ‘Amadureci’

Aos 31 anos, Arboleda não se assemelha nem um pouco ao jovem jogador que chegou ao São Paulo, com 25. Maduro e consciente dos erros que cometeu no passado, o zagueiro vai se tornando um ídolo e sabe da importância que tem hoje no atual elenco do Tricolor.

Para coroar a identificação com o clube do Morumbi, Arboleda quer ganhar títulos justamente no momento em que se diz mais feliz na equipe. Em um bate papo com a reportagem do ge em seu país natal, o Equador, o zagueiro abriu o coração e citou a mudança comportamental como um dos principais motivos para crescer ainda mais de rendimento.

– Quando você é mais novo e não tem ninguém para te falar certas coisas, você não está nem aí. Você acha que o futebol vai durar a vida toda. Mas quando você cresce, o tempo vai passando, você vê que estão vindo jogadores muito bons e você ficando para trás. Eu parei para pensar e aprendi a amadurecer. Graças a Deus foi a tempo – afirmou.

– Estou muito mais maduro, muito mais forte da cabeça, tenho pessoas que cuidam muito de mim. E isso está sendo muito importante, ter pessoas do bem. Como eu falei: quando você é jovem você não percebe, ou não quer perceber, mas sempre vai ter pessoas erradas querendo ganhar às suas custas. Chega um momento em que você amadurece, pensa nas coisas. Coloquei a cabeça para pensar e falei: “Não, é até hoje” – acrescentou.

O relato de Arboleda faz referência às inúmeras vezes em que causou problemas no São Paulo: seja por estar em baladas na pandemia, imagens que vazaram em redes sociais, atrasos e até faltas a treinos, numa vida considerada um tanto desregrada para um jogador de futebol.

Tudo isso, Arboleda garante, ficou para trás. O zagueiro percebeu que daquele jeito sua carreira seria abreviada. Nos últimos dois anos, ele fez uma escolha que tem mudado sua vida fora e dentro de campo.

– Foi pessoal mesmo. Pela minha família, pelo meu futuro. Eu já estou com 31 anos, então já falta pouco para encerrar, menos que antes (risos). Então a única coisa que quero agora é aproveitar esses anos que me restam no futebol, demonstrar ainda mais o que posso dar de mim. Quero desfrutar com a minha família, as pessoas que estão do meu lado, com meus companheiros, esse grupo maravilhoso que temos agora. Ainda mais agora que temos a possibilidade de conseguir um ou dois títulos, que se Deus quiser, se a gente mantiver a cabeça fria e os pés no chão, a gente vai conseguir – comentou.

A temporada para Arboleda e para o São Paulo pode acabar de uma forma especial. Além de estar na final da Copa do Brasil, o time segue vivo na Copa Sul-Americana – enfrenta a LDU, nesta quinta-feira, às 19h, em Quito, pelo jogo de ida das quartas de final.

– A gente fala entre a gente que esses últimos meses serão os mais importantes de nossas vidas. Porque pode mudar muita coisa. Todo mundo sabe que o São Paulo nunca ganhou a Copa do Brasil, então imagina para nós jogadores em uma placa sendo os primeiros a conquistar esse título tão desejado pelo São Paulo. Acho que para nós vai ser muito legal, para depois contar para filhos, netos “Olha, o pai ganhou esse primeiro título para o clube”.

Leia a entrevista de Arboleda na íntegra

Como tem sido seu momento no São Paulo?

– Muito bom. Eu estou muitos anos no clube e passei por muita coisa já. Hoje em dia posso dizer que estou muito mais feliz com o apoio da torcida, da diretoria, todas as pessoas que trabalham para o São Paulo querendo ajudar. E isso é muito legal, e para os jogadores uma motivação a mais. Hoje em dia estou passando um dos meus melhores momentos.

Você é o único jogador do atual elenco que trabalhou com Dorival Júnior em 2017. Como tem sido trabalhar novamente com ele e o que tem mudado?

– Sobre o Dorival, eu fui treinado por ele em 2017, e para mim sempre foi um cara de muito respeito, vive de futebol, fala de futebol, ama o futebol e isso é bom para os jogadores, que gosta de viver com essas pessoas. Com o Dorival sempre falo que para mim é um paizão. Sempre querendo as melhores coisas, querendo ajudar, querendo que eu seja muito mais do que já sou, tanto como pessoa como jogador. E isso é admirável. Admiro as coisas que ele faz, não só por mim, mas com meus companheiros. Na volta dele, a gente está em um bom momento, acho que temos que aproveitar os bons momentos da melhor maneira e não deixar passar e nem estragar.

Dorival falou na última entrevista dele que quando ele chegou e disse a vocês em uma reunião que o São Paulo poderia ser campeão nesse ano teve jogador que riu e desacreditou. Como foi isso?

– Passa mais pela confiança, a cabeça de cada jogador. Eu sempre fui um jogador que penso grande. Trabalhar e chegar em todas as finais é muito importante. Quando ele falou isso para a gente, um olhou para a cara do outro e falou: “Tá louco?” (risos). Mas foi porque a gente não vinha de um bom momento, a gente estava tendo muitos problemas. E quando não tem confiança, esquece, você não vai a lugar nenhum. Mas quando vem um cara e te passa essa confiança, você cresce, muda sua cabeça. Acho que foi o que aconteceu com cada um de nós. A gente não estava confiante das coisas. A gente não estava confiante no potencial que a gente tinha. Quando ele chega e fala para a gente, a gente achou que ele estava louco (risos). Mas ele viu algo em nós que fez ele acreditar, e ele fez todo mundo acreditar no trabalho dele.

A zaga virou uma fortaleza do time. Independentemente de quem entra, dá conta do recado. Por onde passa essa regularidade do sistema defensivo?

– Pelo trabalho dele (Dorival), desde o primeiro dia ele deixou claro que tinha cinco ou seis zagueiros e que não tinha nenhum titular, todos eram bons jogadores, teriam oportunidades. Isso mexeu muito com o nosso grupo, falando principalmente da zona defensiva. A gente já era unido, mas a gente se adaptou ao que o treinador quer. Para mim, se jogar Beraldo ou Alan (Franco) ou Diego, não vou ficar bravo, porque para nós é como se a gente fosse uma irmandade. Ninguém fica bravo, todo mundo torce pelo outro. É algo impressionante, bonito. Um negócio que a gente fala que é muito legal. Contra o Flamengo jogou Diego e Alan no Maracanã e foram bem. Isso é algo bacana. A gente está muito sólido lá atrás. É importante para o time. Sabemos que o pessoal da frente tem qualidade e vai fazer o gol, e a gente vai proteger lá atrás.

A gente percebe hoje um Arboleda muito diferente do que o de quatro, cinco anos atrás, que se envolvia em polêmicas, confusões… Em algum momento você viu que não estava legal aquela postura e resolveu mudar? Há um novo Arboleda hoje, mais maduro?

– Rolou muito. Quando você é mais novo e não tem ninguém para te falar certas coisas, você não está nem aí. Você acha que o futebol vai durar a vida toda. Mas quando você cresce, o tempo vai passando, você vê que está vindo jogadores muito bons e você ficando para trás. Então eu aprendi a amadurecer, e graças a Deus foi a tempo. Estou muito mais maduro, muito mais forte da cabeça, tenho pessoas que cuidam muito de mim. Isso está sendo muito importante para mim, pessoas dos bem. Como eu falei: quando você é jovem você não percebe, ou não quer perceber, mas sempre vai ter pessoas erradas querendo ganhar às suas custas. Mas chega um momento que você amadurece, pensa nas coisas. Coloquei a cabeça para pensar e falei: “Não, é até hoje”. Por isso hoje eu tento ajudar muito meus companheiros, passar as coisas que aprendi. Mais dentro de campo, o extracampo eu não falo muito. Mas o que aprendi com Miranda, Lugano, Rodrigo Caio, com jogadores da seleção, eu passo para os mais novos.

E por que deu esse estalo que você precisava mudar?

– Foi pessoal mesmo. Pela minha família, pelo meu futuro. Eu já estou com 31 anos, então já falta pouco para encerrar, menos que antes (risos). Então a única coisa que quero agora é aproveitar esses anos que me restam no futebol, demonstrar ainda mais o que posso dar de mim. Quero desfrutar com a minha família, as pessoas que estão do meu lado, com meus companheiros, esse grupo maravilhoso que temos agora. Ainda mais agora que temos a possibilidade de conseguir um ou dois títulos, que se Deus quiser, se a gente mantiver a cabeça fria e os pés no chão a gente vai conseguir.

É o seu momento mais feliz no São Paulo?

– Posso falar que sim. Um dos momentos mais felizes de todos os anos. Eu venho em uma mudança muito grande com a torcida. O torcedor ajuda muito o jogador estar feliz. Porque se você está em um lugar que o torcedor te xinga, não dá moral para você ou para o time, você se sente como um estranho e sabe que não vai dar. Quando você vê essa mudança dos torcedores, esse ímpeto, essa gana deles, você fica mais feliz. Nesse momento estou passando em um dos meus melhores momentos e espero ajudar o clube e os companheiros a conquistar títulos.

Fonte: GE