Dorival usa e melhora muito o legado de Rogério Ceni no SPFC

São muitas as virtudes do ótimo técnico Dorival Júnior, e repare que elas se completam. Ele consegue se adaptar às características dos elencos, como com o do São Paulo agora, e várias vezes o faz com elogiável rapidez. Isto lhe permite preparar equipes para jogarem de formas diferentes.

Também cria ambientes leves, o que facilita a gestão dos jogadores. Sabe ler o vestiário e as circunstâncias externas, em especial as políticas, dos clubes para os quais presta serviços.

Aos 61 anos, 21 deles como técnico, Dorival transformou a rodagem em maturidade e sabedoria.

E o mais relevante: continua amando o futebol e sendo competitivo ao invés de sentar-se no passado e achar que é o bastante para continuar no mercado.

Eis as razões que levaram o São Paulo a melhorar após chegar ao Morumbi. Há muito da personalidade do treinador no desempenho do time.

Ele poderia desprezar o legado de Rogério Ceni, fazer algo plenamente autoral, mas preferiu dar sequência, agregar e fazer mudanças.

A proposta de Rogério era jogar bastante pelos lados. Tinha sistema de marcação competente, porém pouca articulação por dentro. E esta é a principal alteração desde a chegada do paulista nascido em Araraquara: o time faz mais associações pelo meio.

Daí os crescimentos de Gabriel Neves, quase sem espaço com Ceni, e Luciano. O meio-campista uruguaio tem como principal virtude o passe; já o atacante, se você puxar pela memória, viveu o seu melhor momento com Fernando Diniz, quando a equipe atuava em bloco, com toques curtos e tabelas.

Outro beneficiado é o volante Pablo Maia. Encontra mais brechas para finalizar de média distância, uma de suas virtudes, e também toca com qualidade.

E Dorival implementou tudo isto sem diminuir a força pelos lados.

Imponderável e planejamento

Em várias partidas, no início desta nova passagem de Dorival, o São Paulo piorou na marcação, não à toa o goleiro Rafael foi o destaque em muitas partidas – a estreia do técnico, contra o América-MG, é um exemplo. Mas já faz algum tempo que o cenário mudou.

Diante do Palmeiras, na Copa do Brasil, e contra o Fluminense, no Brasileirão, o time deu aulas de marcação, seja pressionando a saída de bola ou ficando mais recuado.

E como ganhou jogos mesmo quando os rivais criaram mais, a confiança aumentou. O ambiente que ficara mais leve depois da troca no comando na Barra Funda recebeu o enorme bônus da conquista de resultados positivos.

Neste momento, jogadores se adaptam em diferentes funções, quase todos melhoraram seus desempenhos e nem os desfalques importantes geram considerável piora no futebol.

É normal que haja oscilações. Ninguém pode garantir como será o restante da temporada, se manterá o padrão e ganhará qualquer campeonato, entretanto, é inegável que o São Paulo evoluiu.

E está em sua fase mais elogiável desde quando foi líder do Brasileirão nos pontos corridos com Fernando Diniz.

Fonte: Vitor Birne / ESPN