Gestão de grupo: veja os números da 2ª passagem de Ceni pelo SPFC

É sabido que a primeira passagem de Rogério Ceni no São Paulo, em 2017, seu primeiro trabalho como treinador de futebol, não foi de sucesso. Sua equipe, inicialmente promissora e com claros padrões, rapidamente tornou-se frágil, de pouca intensidade e irregular desempenho. Um dos maiores ídolos da história do clube não resistiu à cultura nacional e acabou demitido em pouco mais de oito meses.

Passados quatro anos, já em 2021, o ex-goleiro retornou à casa com a complexa e cansativa missão de recuperar a autoestima de um time campeão paulista no início da temporada, mas que perdeu o fôlego com resultados negativos em sequência pelo Campeonato Brasileiro, se vendo na luta contra o rebaixamento.

Influenciado por treinadores com quem trabalhou no São Paulo, como Telê Santana e Juan Carlos Osorio, e referências atuais, como no caso de Pep Guardiola, do Manchester City, e Jürgen Klopp, à frente do Liverpool, Ceni sempre manteve o jogo associativo e de pressão pós-perda como os pilares de suas equipes. Foi o que se viu no Fortaleza, no Flamengo e, atualmente, no São Paulo.

Nos últimos meses de 2021, enquanto capitaneava a reação do clube na tabela do Brasileirão, o técnico determinou um time-base, elegeu jogadores-chave e entendeu a necessidade de equilibrar o elenco se quisesse competir em diferentes campeonatos ao longo de 2022. Apesar de não atingir a perfeição no mercado de transferências e não receber o perfil de atleta que tanto solicitou (extremo rápido e de bom aproveitamento em duelos individuais), somou acertos.

É praticamente impossível avaliar a segunda passagem de Rogério Ceni no São Paulo sem mencionar a forma como, pública ou internamente, gere o plantel que tem em mãos. Com o intuito de disputar as quatro competições da temporada, se adaptou ao cenário e deu oportunidade para quase 40 jogadores – 38, para ser mais exato. Dos consagrados e idolatrados aos contratados e recém-promovidos, todos ganharam minutos.

Sua gestão de elenco está diretamente aliada à adaptabilidade que demonstra ao longo da ainda curta carreira. Entendendo que, com Hernán Crespo, o São Paulo atuou majoritariamente com três zagueiros, Ceni repete a estrutura quando entende necessário. De acordo com a plataforma de dados e estatísticas ESPN TruMedia, o time atuou dessa forma em nove jogos da temporada, somando 59,3% de aproveitamento. Nas demais 29 partidas, onde entrou com quatro defensores, a equipe apresentou aproveitamento de 66,7%.

Por mais que tenha preferência por equipes que pratiquem um jogo mais posicional, em 4-3-3 puro e com pontas que privilegiem o drible para romper blocos defensivos, é inegável que o treinador segue fazendo o que fez ao longo de toda a sua carreira como jogador de futebol: competir.

Segundo o TruMedia, o São Paulo é, desde a reestreia de Rogério Ceni, o 7º time que mais pontuou (36) entre todas as equipes que disputaram o Campeonato Brasileiro. É, também, 4º em posse de bola (54,3%), 5º em média de passes certos (367,5) e 7º em chutes certos (4,5). Números coerentes com a meta estabelecida para a temporada, bem como com a posição atual na tabela de classificação.

Tal qual todos os treinadores de futebol ao redor do mundo, o comandante do São Paulo não está isento de erros e falhas que determinem o futuro da equipe em partidas e competições – não são raras as vezes, inclusive. Da mesma forma, no entanto, conta com virtudes, hierarquia e status que o credenciam como um dos melhores do país.

Em levantamento recente feito pelo DataESPN, Rogério Ceni é, ao lado de Cuca e Renato Portaluppi, o técnico que mais levantou títulos (7) por clubes nos últimos 10 anos. Poderia ser o líder isolado, caso superasse o Palmeiras na decisão do último Campeonato Paulista. Ninguém vence tantas vezes por acaso.

Fonte: ESPN